segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Segunda - Feira 02/02



Exatamente as 2:05 da manhã embarcamos no avião com destino a cidade do Rio de Janeiro, chegamos ás 7 horas da manhã. Enquanto aguardávamos o horário do embarque fiz um delicioso chimarrão, fizemos uma caminhada para esticar as pernas, cruzamos com o cantor Jorge Bem Jor acompanhado com a Banda. Ás 10 horas saiu o vôo em direção a Porto Alegre, ás 13 horas estávamos em solo gaúcho. Pensei durante a noite enquanto nos duas Yalorixás viajávamos suspensas pelo ar, os tambores rufavam nas beiras da praia consagrando a rainha do mar Mãe Yemanjá, cheguei na ASSOBECATY- Associação Beneficente e Cultural Africana Templo de Yemanjá por volta de 14 horas, bater cabeça no quarto de santo que a casa é de Yemanjá.

Sabado - 01/01



Pela manhã foi apresentado o filme da origem do SUS, após foi discutido O Sus que temos e o Sus que queremos.
Após Saúde e as Práticas alternativas, nessa incluindo nas discussões as parteiras e as casas de religião de matriz africanas , inclusive os indígenas. Foi levantadas questões que devemos estar aprofundando com nosso pares em nossos estados, Quais as estratégias que devemos utilizar para resgatar as práticas de saúde , dae protagonização das praticas alternativas manuseio das ervas apropriação de práticas locais



Na primeira hora da tarde, encontre Josué.Franco Lopes da Executiva Nacional da Abraço e me convidou para ir dar uma entrevista na Rádio Abraço no Ar, comunicação FM 107.1 MHZ estava ao vivo para fortalecer a democracia e a nossa participação foi dedicado a história da rádio a qual sou Presidente, Associação de Comunicação Conexão Comunitária- Rádio Estúdio FM, Guaíba –RS, Brasil.
Conheci companheiros de outros estados, que lutam também pela democratização da comunicação comunitária.Divino Candido Coordenador geral Abraço DF, Jose Guilherme Castro Ex Coordenador da Abraço Nacional e Cássia Vieira da Rádio Favela de MG .

16:30 minutos ocorreu oficina Terreiros do Brasil, houve uma grande reflexão sobre a questão do mapeamento de terreiros no Brasil, haviam religiosos de diversos estados, o Rio Grande do Sul assumiu o toque ao orixás, o Babalorixá Baba Dyba, do estado do Rio Grande do Sul havia levado tamboreiro , que oportunizou-noz elevar a bandeira da religião de Matriz Africana cultuada nos pampas gaúchos em solo amazonense. Foi oportunizado, demais religiosos pudessem estar cantando reza conforme sua matriz.O encerramento contou com a observação de um religioso da cidade da Nigéria ele não entende o nosso idioma ficou atentamente analisando e disse que é muito semelhante com a foma de o baba dele faz na Nigéria. No final trocamos muitos endereços. Não quero se injusta mas os nomes vou citar foi os religiosos que me deram por inscrito, por isso vai ser possível nomeá-los, os demais me desculpem.
Mãe Nalva da cidade de Belém do Pará, Associação Umbandista da cidade de Bacabal – Maranhão,Mãe Raimunda Conceição dos santos- Belém do Pará, Pai Valdeci do Ilê Omulu, Pai Emilio de Shoroque, Pai Renato de Oxossi.
Concedi entrevista ao Douglas Silva da Universidade Federal de Goiás
Ao retornarmos para o sitio fomos surpreendidos as mesas estavam enfeitadas com flores tropicais, os gaúchos Dr. Onir, Ronaldo , Adilsom quilombola do Rio de janeiro, ofereceram um delicioso churrasco a moda gaúcha. Houve sessão de fotos, trocas de endereços algumas risadas e a certeza que amanhã cada um vai voltar para os seus estados
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Sexta - Feira 30/01









Levantei eram 7:30 da manhã, percebi que haviam pessoas tomando banho no igarapé, aproveitei fui tirar algumas fotos.
Encontrei no caminho uma árvore que eles chamam de olho de Exu , pois da uma pequena semente vermelha e preta.
O sitio exporta flores tropicais,
Felipe cultiva o sonho de um dia se aprontar na religião e colocar nesse espaço um monumento a Mãe Oxum nesse espaço.
Depois de um bom café da manhã no sitio. Fomos conhecer alguns pontos turísticos, depende com qual olhar se olha para eles, o que eu dirigi para eles foi religioso, ecológico, educativo. O Mangal das Garças, é um espaço que oferece o contato direto com a natureza ele abriga belíssimos viveiros de aves especificas da região como, fiquei fascinada com as Garças .Além da vegetação e árvores raras da região existe um complexo com pórtico, restaurante , quiosque para lanche e uma torre mirante farol.
Uma estrada forrada em verde vivo, que o acesso conduz ao quiosque onde permite o visitante ficar bem mais próximo do rio.
O Rio Amazona é o maior do mundo, não dá para deixar de comparar a cor com o nosso rio Guaíba.
Ainda dentro do Mangal das Garças , o restaurante.
O porto é um local que abriga experientes pescadores, inclusive alguns moram dentro dos barcos.
O ver o peso o cartão postal de Belém, o nome é originário do posto fiscal criado em 1688, naquele local era obrigatório ver o peso das mercadorias que saiam ou chegavam à Amazônia, a fim de serem cobrados os devidos impostos. Está a margem de igarapé Piyé é a maior feira da América Latina, abriga duas mil barracas e camelos que vendem desde do Peixe,ervas medicinais, hortifrutigranjeiros e artesanato. O mercado é muito atraente por ter uma composição de cores e aromas e sabores onde tudo é novidade.
È muito interessante a forma de abordagem das mulheres que vendem ervas, ela disse um verso ,me pegou de surpresa que eu dei uma gargalhada, que ela também se surpreendeu. Museu do índio,ele fica localizado ao lado do mercado Ver- o Peso, onde tirei essas duas fotos.
Voltamos para o UFRA, antes de começarmos a atividade fui atender a imprensa
concedi entrevista ao Jornalista da Rádio Cultura do Pará.
Concedi uma entrevista para a jornalista da SEPPIR.
Após começou o debate, com o tema, Saúde Quilombolas e Religião de Matriz Africana nessa oportunidade fiz uma analogia com os princípios do SUS com os valores civilisatórios que rege a cosmovisão de mundo africano ,partindo do principio que o primeiro homem nasceu em áfrica, dentro desse olhar que norteou esses princípios foi as práticas africanas que contribuem muito para o país. Foi sugerido pelo Secretário de Gestão Participativa, Antônio Alves, que eu fizesse um artigo de acordo com o tema abordado.
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No final da tarde chegou Mãe Vera de Oiá, companheira de luta do estado do Rio Grande do Sul. Integrou-se imediatamente na discussão.
O ponto alto foi a Mesa redonda , tivemos o privilégio de termos a presença do ministro Edson Santos.

Quinta - Feira 29/01



A rotina é a mesma até chegar na universidade, tomar café e aguardar a condução para levar -mos para atividade. Ao meio dia chegou uma religiosa do Rio de Janeiro, a atividade que aconteceu a tarde mesa Cultura Negra e Religiões de Matriz Africanas : Importância para a Educação, Meio Ambiente e Mobilização tive a oportunidade de estar falando sobre esse tema muito rico, frisei que até os dias de hoje, nem um de nós lemos, assistimos ou ouvimos uma reportagem dizendo que os religiosos ou os quilombolas, botaram fogo na floresta, derramaram litros de óleo no rio, não somos nós que poluímos o meio ambiente. Falar sobre isso é importante para não mais assumirmos o que não é nosso, falar sobre isso é enriquecedor para renovar os argumentos, para termos repostas na ponta da língua quando for necessário . A comunidade participante era majoritária quilombola.
Ao finalizar o evento fui convidada para dar uma entrevista para o jornalista Elias Santos da Rádio UNAMA FM da Universidade da Amazônia.

Logo após, passamos na sala que estava acontecendo uma reunião do CONSEA Conselho Nacional de Segurança Alimentar , estavam além da palestra distribuindo Kit de sementes .
Encontramos as africanas

Quarta - Feira 28/01



Como nesse dia não tinha uma agenda definida, resolvi sair com vestes civis, para poder estar me movimentando melhor,me dirigi a Universidade Federal do Pará, percebe-se o mesmo modelo excludente que temos na sociedade, estava sendo reproduzido nos dois espaços, a UFPA estavam as instituições, quanto a UFRA estava os índios, Quilombolas, os acampamentos e os movimentos sociais em geral.
Eu era mais uma na multidão, estava totalmente anônima, diferente do dia de ontem , onde era interrompida a todo o momento para dar entrevista e tirar fotos.
No final da noite retornamos para o sitio, a conversa muito interessante. Acho importante registrar um pouco ao funcionamento da casa, parecia um Big Brother ao inverso de sair pessoas da casa , todos os dias chegavam mais convidados nos horários 21:00 horas e as 2:00 da madrugada, quando amanhecia tínhamos mais um na casa, provocava uma curiosidade , quem vem? Como será conviver com essa pessoa? Será ? eram alguns questionamentos que surgia.Não vou citar os nomes por questões éticas, não foi pedido autorização para eles.

Terça Feira 27/01


Sai do quarto vestida a caráter. Sim estava pronta para ir ao maior encontro de manifestações sociais do mundo,Segundo o Ibase- Instituto de Análise Sociais e Econômicas que define o Fórum Social Mundial é o grande momento de reunião de cidadania planetária, num momento em que a globalização e a crise financeira mundial revelam fraqueza e a vulnerabilidade das nações em lidar com o problema. “ Nosso Grande desafio é reinventar o mundo. Tinha uma agenda para cumprir, íamos para a abertura do Fórum Social Mundial, nesse momento senti que a representação da religião de Matriz Africana estava sob minha responsabilidade. Dirigi-me até as dependências externas da casa para procurar um lugar para meditar, quando me deparo com a exuberância da mata atlântica exposta diante de mim, a diversidade da floreta, nunca tinha tido oportunidade de verificar as diversas qualidades de palmeiras , tinha uma de cada tipo e tamanho diferentes, isso é a Amazônica. A mata reforçou o convite a reflexão e a purificação do meu pensamento. Em cada contato que fazia com esse universo novo, pedia ago = licença para um deus vivo, sentia o axé dos orixás das matas e fluido dos caboclos, preto. O sentimento que me atacava era que eu precisava pensar no trabalho que ia se desenrolar durante o dia e a ligação daquele contato com a natureza com o conhecimento de cada orixá que carrego dentro de mim e o prazer de estar vivendo a situação do descobrir o novo sentir novas experiências uma mistura de concentração descontração, talvez não seja possível descrever passível apenas de ser vivido e jamais de ser entendido em sua largueza e profundidade.

Fiquei perplexa, com olhar mergulhado na mata virgem,quando novamente fui surpreendida ao ouvir a fala do pássaro chamado Lora, até então conhecia o símbolo da cidade, através de fotos, calendários e filmes, era diferente ouvir a voz do símbolo vivo da cidade. Pensei isso não é ficção é tudo real, eu estou em contato com o símbolo vivo da cidade.Ao tentar me aproximar da Lora, ela ficou toda ouriçada, tentou me picar. A Eni disse que ela não gosta que mulheres toquem nela.
Fiquei parada contemplando o desconhecido. Foi quando fiquei sabendo que tinha Pau Brasil, fui tirar fotos. Lembre-me da 2ª série do ensino fundamental quando ouvi pela primeira vez a palavra Pau Brasil, agora estava tendo a oportunidade tocar na árvore.

(UFRA) Universidade Federal Rural da Amazônia eram 11horas, logo fui solicitada para conceder uma entrevista para a conceituada TV Marajoara, afiliada da rede brasil fui entrevistada pela jornalista Leila Negrão.
Mais tarde dei entrevista ao estudante de geografia Luiz Henrique Baglini que estuda sobre África na PUC / São Paulo.
ASCOM- Assessoria de Comunicação da UFRA as Jornalistas Nilza Magno e Roberta Muniz, me entrevistaram.

As pessoas me aclamavam para tirar fotos, existia uma vacância do visual típico da mãe de santo , na figura de mulher negra, toda vestida na cor branca, turbante grande na cabeça, saia rodada e colar branco no pescoço, repercutiu em manifestações de carinho e respeito com a figura que representava a religião de tradição de Matriz Africana.

Estava muito quente e dentro da universidade o espaço que íamos ficar era muito longe nesse dia só podia entrar carros que estava a serviço, foram esses carros que ofereciam carona, como gesto de solidariedade, por eu estar paramentada frente ao calor. Outra novidade para mim, todo dia chove, e , muito, depois da chuva fica extremamente quente.

Enquanto chovia fomos almoçar, não me adaptei com o sabor dos alimentos , muita farinha, ervas que eu não conhecia, peixes etc...
A chuva muito forte impediu-nos de participarmos da marcha, que era em outro localiza -se de passagem , bem distante de onde nós estávamos.
Conversei com as jornalistas do setor de comunicação da UFRA, concedi uma entrevista e tiraram algumas fotos.

Fui verificar a caixa de email . Primeira ligação telefônica para casa, me tranqüilizou, todos passam bem.
A condução nos conduziu até o sitio, nesse dia tive a oportunidade de conhecer uma pessoa muito especial, Felipe filho da Eni foi ao sitio para me conhecer, conversamos muito, ele estava se preparando para a formatura de Ciências Ambientais, além de apaixonado é iniciado na religião, foram dois temas suficientes para levarmos a conversa até 2 horas da madrugada.

RELATO DA VIAGEM - Belém do Pará 2009


RELATO DA VIAGEM DE MÃE
YALORIXÁ DA NAÇÃO CABINDA
CARMEN DE OXALÁ


È com muita satisfação, que partilho esse diário de viagem achamos que devemos tornar público esse relatório por entendermos que é tempo de colarmos em dia o compromisso que temos de partilhar tais experiências com todos, como temos uma agenda corrida encontramos essa alternativa.

Tudo começou quando fui indicada para representar o IPESA- Instituto de Pesquisa em Acessibilidade no Fórum Social Mundial 2009.

Ao dirigir-me para retirar a bagagem, ouço um som,e um grupo de pessoas dançando, as mulheres enfeitadas suas vestes eram saias super rodadas e estampadas, os ombros expostos pelo decote da blusa os braços cheios de pulseiras , pescoço colares em diversas cores e cabelos enfeitados rosas . Os homens vestem calças mulher quando dança roda muito a saia segurando uma ponta com uma das mãos.
Perguntei o nome da dança disseram Carímbo, segundos alguns estudiosos, essa é originária dos índios Tupinambás, já extintos, ao olhar a dança identifiquei com o nosso ritual de umbanda.

Eni Yara Foi a pessoas que ficou responsável de levar-me até o sitio,a mesma é proprietária do Sitio São Judas Tadeu, localizado na região metropolitana de Belém. Ela muito comunicativa, no caminho começou a me contar a história de Matinta Perera, que é uma velha senhora que tem o dom de se transformar numa ave para amedrontar as pessoas e assustar os porcos , cavalos galinhas ,cachorros ...que quando soa o seu assovio na floresta, o caboclo sensato deve recolher-se em sinal de respeito.Deve-se ofertar tabaco, para ela ir embora, caso não ofereça ela não deixa ninguém da casa pregar o olho. O caminho percorrido,isto é 45Km, até o sitio ela ia me contando essas histórias.



Desde o primeiro dia, pela forma que todos eram acolhidos, evidenciei uma semelhança que nos é, peculiar a nós gaúchos de sermos povo hospitaleiro.

No sitio estava a Sra. Eliane Maria Pereira assessora da SEPPIR, Secretaria Especial de Promoção a Igualdade Racial que estava encarregada dar apoio os logístico e estrutural aos convidados. Tomei um banho para relaxar,fiz um breve lanche, jogamos um pouco de conversa fiada e fomos dormir.
Observação: Foto do Índio todo Pintado de vermelho. 2 caciques todo pintado de vermelho Tribo Gaviões.
Terça Feira 27/01